quarta-feira, 14 de março de 2012

CAMBAIO [a SECO] - palavra do diretor



Para mim, que tive essa ideia – ideia que logo virou “nossa”, desse inestimável coletivo que ora se encontra sobre o palco e ao redor dele – a questão nunca foi exatamente fazer uma ‘remontagem’ de Cambaio, espetáculo que vi com 18 anos e logo admirei.

Sim, estamos aqui, remontando-o, mas o termo mais adequado seria talvez ‘relendo-o’.  Porque naquela estreia que acaba de completar uma década, tudo tinha uma proporção magnânima demais para ser equiparada: eram Chico, Edu, João e Adriana, era Lenine, era um elenco numeroso, uma encenação grandiosa, um tremendo acontecimento. E nem tinha como não ser: afinal, eram todas essas pessoas juntas, era a gestação de um novo e genuíno musical brasileiro – em uma época, vale lembrar, que o gênero ainda era ‘raro’, que não havia virado febre em nossos palcos.

Então nós, aqui, hoje, relendo Cambaio (e revestindo-o justificadamente com a alcunha de “a Seco”), queremos festejar tudo aquilo, queremos nos lambuzar na beleza daquelas (dessas) canções que tanto já ouvimos e admiramos, queremos jogar o irresistível jogo daquele (desse) texto. Queremos, enfim, contagiar outras pessoas com o entusiasmo que sentimos.

E, de quebra, apresentar para novas plateias (afinal, dizem que dez anos é o tempo de surgimento de toda uma nova geração, não é?) isso aqui que de certa forma esteve guardado na última década. E fazê-lo nesse novo contexto de uma ‘peça-show’, ou ‘show-peça’ - já que essa pode ser só mais uma das dualidades e espelhamentos que Cambaio em si já propunha (propõe).

Olhando daqui, isso tudo agora parece ser só um sonho daquele espectador de 18 anos que eu fui. E talvez seja mesmo.



Rafael Gomes


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